O papel

não falo que é pra você, porque é feia demais. 
mas falo que é para um mundo de revoltas momentâneas,
de um presente torpe e esperançoso.
É a alegria de ter um papel para gritar, 
colocar tudo que você não quer pensar.
Usá-lo como lixo sim, ele aguenta,
ele é meu músculo mais forte, 
ele é que consegue carregar todo o meu corpo ferido, moribundo.
O papel, para ele, dedico todas as minhas dores.
É ele quem traz todas as flores que não mereço ganhar.
Meu presente, meu passado, meu céu, minha ilusão.
Tudo bem guardado,
quem sabe no lixo,
quem sabe numa outra gaveta,
quem sabe... por ai
E o mais intrigante:
ele, mesmo quanto não serve mais,
procura ser usado.
Ele, são minhas lembranças.
Ele, são minhas dúvidas, minhas decisões.
Ele, o papel...

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