ausência?
saudade que dá em mim,
poder de sonhar e buscar,
momentos de ônibus lotados

busco o sentimento daquela cena,
tão incapaz, real, insana?!
vivo ‘Dalí’, um sonho eterno,
mesmo que acordado, sonho eterno!

aqueles olhos sorrindo,
torna-me, envolto em graças.
mel, consome meu existir,
me faz vida!

tão mágico, único, incomparável!
momento lindo, que me permite acreditar,
faz fugir do choro,
traz o sorriso de um coração amante!

soneto torto


Canto versos sem notas,
Perco-me num plano arco-íres,
Onde sinto a brisa de um furacão,
Bailando entre ex-gotas, sem água.

Do abraço, ponho-me em fuga,
Longe de lábios, amor.
Quero a multidão da contramão,
Quero a dor de uma rosa e sua ladainha.

Mundo de faz de contas,
Uma mentira em cada alma,
Esmolar-me-ei ar e percepção!

Mas a prostituição me faz força,
Traz, do apelo, um suspiro.
Alucinação!

Faço dela

Faço dela minha companheira mais fiel. Sim, é nela que minha vida se torna sentido, é através dela, que meu ser encontra a razão para existir.

Ela me entende, me responde, me faz chorar, me faz sorrir... Com ela, posso sumir desse mundo, criar uma esfera onde eu sou o porteiro e o anfitrião. É dela que tiro as forças, é dela que me torno humano, porém, por ela também, me afasto dos semelhantes.

É o que ainda me dá ar, mas querendo rasgar o peito e me fazer exemplo para os que choram a falta de lágrimas, faço a minha esperança, meu sonho, meu viver. Com ela, resgato-me da morte, me contento em apenas existir, por tê-la assim, tão próxima, mesmo quando de longe.

É nela que me sustento, nela que procuro continuar a buscá-la, por ser assim, dela e pra ela...

monólogo de mim mesmo


Por ser assim tão só,
Busco a companhia de minha alma,
Canto, verso, iludo!

Saio de fininho,
Sem que eu perceba.
Quero buscar alguém.

Fujo para os que não acredito,
Tento, até me esforço,
Mas não dá, volto a me encontrar.

E como num solo,
Continuo a cantar.
Longe, a me acompanhar!
queria viver de poesia,
trocar versos por vintém.
não, dinheiro não me faria falta,
preciso de algo que me faça viver!
queria viver de poesia...
gritos?
o que são eles, quando podemos sussurrar, respirar, cangotear?
gritos?
na verdade não, quero coração pulando, alegre, isso sim, vai me chamar...
gritos?
não falam nada, não servem de nada, enquanto se pode amar.

Encontro-me no reencontro das vidas, passado; com a intenção olhar o futuro. Ter certeza da dúvida de existir, com a força voraz da dor de não saber. Quero, daqui, olhar em frente, entender a vida que está por vir. Basear-me nos erros antigos, contrariando as leis e conceitos. Quero a felicidade do olhar penetrante, quero a paz, do colo cativante. Pretendo sonhar e, neste mundo integrar-me. Com isso, construir a minha realidade, nossa!
Como o poeta, romanceando afirma: “as flores de ti, em meu coração sorri”, eu, simples em pensar, afloro no sentir. Aproximo o coração, alma, tudo, vão.
Entrego-me ao encontro, reencontro, amor, ligação. Entrego-me a ti, sem dúvida, mas na interrogação. Não de não saber, mas sim de como. Sempre com a certeza de querer viver, sempre contigo, sempre, então...
vem logo, me dê a mão!
me ajuda, me dê a mão!
não sou de pedir, mas realmente preciso,
não só sua mão, mas coração, pulmão, perdão...
quero gritar, me falta ar,
quero chorar, as lágrimas estão secas,
quero ir, me encontro preso.
quero amar, digo, estou amando!

versos perdidos


amo o acaso,
a vontade de surtar!
querer abrir o pulso,
rasgar alma,
encontrar...
amo saltar para o nada,
buscar o que ninguém vê,
dormir...
amo a terra firme,
poder pisar a areia,
escorrer...
amo o amor,
ser alguém, compor,
amar...
amo? rio de mesmo.
sonho? choro pelos cantos.
vivo? moribundamente!