Américo Vilalba, por ele mesmo

O que faz Américo Vilalba às 3 da manhã naquela meia luz, um copo de gim, sua inspiração? A solidão o afaga. Em frente, papeis, canetas e lamentações.
O que faz Américo Vilalba, em sua sempre nublada escrivaninha? Vida vivida por choros e lembranças sonhadas, revoltado por não ter mais tempo de entender.
Será que foi apenas um sonho? Uma vida inteira sem ter vivido um dia sequer? Este é o seu questionamento e tormento.
Linhas e mais linhas de melancolias, escrita com a mão trêmula de pavor. Mais um copo transborda o vazio em que se resume toda a sua espera. Quem sabe assim, Américo consiga esquecer-se. Esquecer o nunca vivido, mas como poder esquecer tanto assim, a ponto de negar-se? Tristeza? Não, falta de crença mesmo.
O que faz Amério Vilalba? Quando se descobre, escolhe desistir.

Pra que?

De que adianta poder?
De que adianta querer, tentar, pegar...

De que adianta sofrer?
De que adianta sonhar, atar, ater...

De que adianta morrer,
Ter para ter que deixar?

De que adianta amar,
Se nem pode chorar?