Se o alienista estivesse vivo...

Algumas vezes, peguei-me pensando no desespero de Simão Bacamarte, o alienista machadiano que tratou a loucura em Itaguaí, se vivesse em nossos dias.
Será que a Casa Verde estaria repleta de pacientes? ou, seria Bacamarte, ainda, seu único interno?
Acredito que Simão ficaria louco sim, principalmente após buscar por lunáticos de nosso Brasil. De Sarneys a Luiz Inácios, o país está lotado de dementes, dignos dos cuidados do médico. A pergunta, agora, é: será que o alienista conseguiria erradicar a insanidade brasileira ou ficaria como Papai Noel em uma arena de tourada?
É, Bacamarte teria um grande desafio, só para começar, curar uma grande parte da população, que comemora os 50 “contos” das “Bolsas Pelo Amor de Deus” DADAS pelo governo e se acomoda em frente da Rede Globo, para assistir à novela das famílias perfeitas e sem problemas, e depois dizem que “Pão e Circo” era apenas política do Império Romano. O médico também teria que fazer terapias com aqueles que matam serviço, esquecem da família, enfim, esquecem de viver para acompanhar o Datena ou, para ser mais atual, o Geral do Brasil. Simão deveria ainda, cuidar dos eleitores de Malufs, Pittas, Collors e tantos outros bandidos públicos, curar os seguidores da Lei de Gérson, os fanáticos religiosos, os que não acreditam na importância de uma boa educação para salvar um país em freqüentes crises sociais.
Simão Bacamarte fez sucesso em Itaguaí, lotou sua casa de recuperação, ora com dementes, ora com pseudos sãos, curou a todos e terminou sua vida envolto na loucura dos curadores de loucos, enclausurado em sua própria “Casa Verde”, porém hoje, devido aos absurdos tão comuns, já incorporados em nosso cotidiano, Simão Bacamarte, o célebre alienista, contado por Machado de Assis, não se atreveria internar outro paciente que não ele, em seu manicômio particular, pois seria apenas mais um louco dentre todos os que corajosamente se arriscam no grande hospício que nós conhecemos por BRASIL.

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